UMA HISTÓRIA DE VIOLÊNCIA
Outubro 01, 2023
J.J. Faria Santos
Intimidação. Violência. Recurso implacável ao extermínio. A lei na Rússia é ditada pelos interesses do czar Putin. Anne Applebaum defendeu em artigo na The Atlantic, posteriormente editado pelo Expresso, que com a morte de Prigozhin “a violência na periferia do império russo migrou agora para o seu interior”. Notando que o poder de Putin “foi sempre mantido por uma combinação inebriante de oportunismo, suborno e fachada de nacionalismo russo”, Applebaum argumenta que a desconfiança se infiltrou na elite russa e que na entourage de Prigozhin se alimente a síndrome da próxima vítima.
Por seu lado, Simon Sebag Montefiore escreveu na Time que na Rússia “a mística do poder adquire-se com frequência mediante a caprichosa distribuição de violência”. E se a rebelião do homem forte do grupo Wagner foi uma “humilhação” para o presidente russo, e a retaliação se assemelhou ao comportamento de “narcotraficantes”, é imprudente desvalorizar o ascendente de Putin. Como escreveu Montefiore, “Putin está diminuído, porém, um tirano enfraquecido pode governar durante muito tempo”. O espectro da violência que impregna a Rússia ronda a Europa.
Imagem: Wikimedia Commons