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NO VAGAR DA PENUMBRA

NO VAGAR DA PENUMBRA

PREC (PARDAL REVOLUCIONÁRIO EM CURSO)

Agosto 11, 2019

J.J. Faria Santos

 

PR_PPH.jpg

O homem fundou a International Lawyers Associated (também identificada como Sociedade PPH) e promete aos clientes o “mais avançado suporte jurídico”. No YouTube, explica que a empresa tem uma abrangência nacional e internacional” (125 advogados distribuídos por 24 países), e oferece-nos uma visita guiada às instalações com o mapa-múndi em relevo na parede e uma fotografia com Marcelo (quem não tem?), ao som de um instrumental intitulado “Creepy”, que pode ser traduzido como arrepiante, sinistro ou bizarro.


Se estranha que Pedro Pardal Henriques se tenha transformado numa estrela em ascensão, apesar de só há dois anos se ter inscrito na Ordem dos Advogados, lembre-se que, para além de assessor jurídico, ele é acima de tudo um influencer e um consultor multimédia. Não se trata de desvalorizar as suas competências no ramo do Direito. É que, a fazer fé nas declarações do bastonário Guilherme Figueiredo ao jornal I, “Criar um sindicato é muito simples: faz-se uma escritura pública de cerca de três pessoas e está criado o sindicato. Aquilo vai para publicação no Boletim do Trabalho e do Emprego e já começa a funcionar.”


É certo que Pardal Henriques tem um historial profissional algo conturbado (“cometi erros, assumi a responsabilidade moral”, explicou ao Público), mas o passado é um país estrangeiro e hoje ele aparece refulgente a ser disputado por cerca de quinze sindicatos, atraídos pelo seu estilo “oleoso e bem-falante” (na definição de Vasco Pulido Valente). O seu profissionalismo é de tal ordem que não hesita em recorrer ao jargão sindicalista mais radical, sem faltar a clássica alusão à ditadura. Talvez por isso a sua carreira política tenha ficado em stand-by. E ele tenha estado em contacto com “entidades importantes nas conquistas pós-25 de Abril”. Isto é mesmo um PREC (Pardal Revolucionário em Curso).


Com os sindicatos em ebulição, o Governo em modo preventivo a recorrer aos instrumentos de que dispõe e a população a precaver-se contra a escassez de bens, o que ocupa a mente brilhante do nosso Presidente? A necessidade de garantir o abastecimento de bens e serviços com a menor perturbação possível? A salvaguarda do direito constitucional à greve? Protagonizar uma qualquer tentativa de mediação? Nada disto. Segundo o Público, “Marcelo teme que crise faça disparar voto no PS em Outubro”. Deve ser uma questão de prioridades. O analista político tem precedência sobre o Presidente. Como habitualmente, a mensagem foi transmitida por fontes não identificadas. Para poder ser desmentida ou ignorada. É a chamada estratégia vichyssoise. Serve-se fria, claro. Como a vingança e os cálculos políticos.

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