OS BRAVOS DO PELOTÃO CAVACO
Fevereiro 11, 2019
J.J. Faria Santos
Cavaco diz que Costa nunca fez “voz grossa” contra os “poderosos que ganharam milhões”, nem em relação “aos milhões que voaram da CGD e de outros bancos, nem à corrupção”. É com tiradas deste teor que Cavaco, Ana Rita Cavaco, defende os descamisados enfermeiros da fúria do primeiro-ministro contra as greves “selvagens”. E a bastonária não faz a coisa por menos: a atitude do Governo empurra os profissionais de enfermagem para “situações de abandono de serviço”. Resta-nos esperar que os membros da Ordem dos Enfermeiros continuem empenhados em “não praticar voluntariamente actos que coloquem em risco a integridade física ou psíquica do ser humano”, bem como em “manter elevados os ideais da profissão, obedecendo aos preceitos da ética e da moral”.
Num perfil publicado na Visão em Outubro de 2017, sob o título “Justiceira ou Incendiária?”, fontes não identificadas do seu próprio partido, o PSD, classificavam-na como “reivindicativa, mas muitas vezes ultrapassa a fronteira e torna-se quezilenta”. Outros ainda reconheciam que “é movida por boas intenções, mas chega a um ponto e perde o bom senso”. Talvez inebriada pelo sucesso do crowdfunding, imbuída de fervor corporativista ou entusiasmada pelo combate político, Cavaco desdobra-se em louvores aos “bravos da greve cirúrgica”. A luta continua! Em nome de um aumento salarial para os escalões mais baixos da ordem dos 421 € e da reforma aos 57 anos com 35 anos de serviço. Que os danos colaterais atinjam os mais debilitados e os mais desfavorecidos não é circunstância que faça demover os bravos do pelotão Cavaco.
Imagem: Florence Nightingale