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NO VAGAR DA PENUMBRA

NO VAGAR DA PENUMBRA

O EFEITO BORBOLETA EM 2015

Dezembro 31, 2014

J.J. Faria Santos

Nuno_Figueiras_n.jpg                                     Fonte: Facebook de Nuno Figueiras

 

Em cada braço estendido há o reconhecimento e o desafio. Sei quem tu és e donde vens, e partilho contigo esta suspensão de gravidade, este voar sem asas, este salto para o futuro imediato que é a tranquilidade azul líquida. Vamos agitar as águas ( que é viver senão isso?), e mesmo que elas se turvem ( por causa das contrariedades, das decepções ou do adiar das conquistas que julgamos merecer) saberemos construir novas oportunidades com os olhos postos no fio do horizonte, cujo limite é apenas a dimensão da nossa ambição.

Devido a um conjunto de circunstâncias que seria ocioso detalhar, o meu livro de cabeceira neste momento é As Benevolentes de Jonathan Littell. Publicado em 2006 em França, e no ano seguinte em Portugal pela D. Quixote, esta obra de ficção narra as memórias de um ex-oficial nazi que, sem mostrar qualquer arrependimento, detalha o seu testemunho e a sua participação nalguns dos mais negros acontecimentos da história da humanidade. Não exactamente uma leitura amena em época festiva…

Porém, é possível retirar das descrições do inominável, e de estados de alma consequentes, ilações que nos subtraiam ao torpor do desalento. Maximilien Aue, o protagonista, logo no início do romance, numa espécie de prólogo intitulado Toccata, declara que “não é para nos divertirmos que cá estamos. Para fazer o quê, então? (…) para durar, sem dúvida, para matar o tempo antes que ele nos mate”. Um pouco antes explicara: “Durante muito tempo, cada um de nós rasteja nesta terra como uma lagarta, na expectativa da borboleta esplêndida e diáfana que traz em si. E depois o tempo passa, a ninfose não chega, ficamos larva, constatação aflitiva, que havemos de fazer com ela?”

Acontece que a duração do ciclo de vida das borboletas varia de espécie para espécie. Há o que se prolonga por mais de uma ano e o que se completa em menos de um mês. Por que razão nos haveremos de resignar ao estado de larva ou achar que a demora é sinal de impossibilidade? Quem sabe quantas crisálidas se abrirão em 2015 para revelar esplendorosas borboletas?

 

 

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