INSURREIÇÃO ANTES DA RESSURREIÇÃO
Abril 01, 2015
J.J. Faria Santos
Ele não era um polícia das mentes; privilegiava a cordialidade que devia presidir ao relacionamento interpessoal em detrimento da sanha para expurgar os pensamentos ditos impuros. Perante a fraqueza humana, em vez do julgamento severo e punitivo, escolheu a compaixão. Protegeu os marginais e os marginalizados. Combateu discriminações. Não temeu enfrentar os poderosos, mas não os elegeu, à boleia do populismo ou da intolerância, como inimigos a abater. Mesmo assim, eles poderão tê-lo receado como instigador de motins ou levantamentos. Ao desafiar a ortodoxia da hierarquia religiosa e, simultaneamente, ao desencadear na potência ocupante romana o receio da rebelião política, construiu a via-sacra que o conduziu à cruz. Filho de Deus ou profeta freelancer? Um homem bom e eloquente ou um curandeiro dotado? Se nos abstrairmos das profissões de fé e das fontes históricas, resta-nos o legado de um exemplo. E que poderoso que ele é. Mostra-nos a validade da insurreição que ampara os fracos mas não prescinde de ensinar os fortes a evitar a tirania.