CAT PEOPLE
Março 12, 2014
J.J. Faria Santos
"Mr. and Mrs.Clark and Percy" de David Hockney (Courtesy of www.bertc.com)
Segundo uma nota da revista Time, divulgada há cerca de um ano, de acordo com um estudo conduzido pela Universidade da Geórgia, estima-se que o número de pássaros mortos por gatos nos Estados Unidos ronde os quinhentos milhões por ano. A referência estatística era acompanhada por uma ilustração bem-humorada, na qual um gato ainda com uma pena na boca segurava um cartaz com a inscrição “attempted birdslaughter”.
Para os seus donos, os gatos são adoráveis bolas de pêlo, e é quase impossível adivinhar o predador latente por trás do animal doméstico nunca completamente domesticável. Dado o peculiar apego destes felinos pela independência, e as suas intermitentes disponibilidades para o afecto, como notou Anthony Lane num post no sítio da New Yorker, o termo “dono” quando aplicado em relação aos gatos “é uma expressão que pertence ao teatro do absurdo”. Parte do seu charme reside precisamente neste snobismo comportamental, como se por oposição à fidelidade canina existisse uma exigência felina. Podemos achar a primeira comovente e gratificante, mas não é a segunda que nos torna mais dignos de ser objecto desse sentimento, e mais propensos à reciprocidade?