BRUNO, CAVACO E TRUMP - TRIANGULAÇÕES
Março 07, 2017
J.J. Faria Santos
O reeleito presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, com a sua habitual magnanimidade e elegância, proclamou tonitruante: “Bardamerda para todos os que não são do Sporting”. E chamou ao palco a família para com ele festejar a vitória. Isto espoletou na minha memória a evocação do gracioso discurso de Cavaco Silva, na sua reeleição enquanto Presidente da República, ajustando contas (perdão, prestando contas) com quem o criticara. Queixou-se de que os adversários tinham feito uma campanha de “calúnias, insinuações e mentiras”, e instou a comunicação social a revelar o nome dos responsáveis pela “campanha suja”. Curiosamente, também ele, no início do seu primeiro mandato, rumou ao palácio de Belém acompanhado pela família.
Fonte: Buzzfeed.com
O jornal Independent comparou Bruno de Carvalho a Donald Trump. Em causa está o perfil populista, o gosto pelo confronto e a vontade de tornar o clube “great again”. Quanto ao líder do mundo livre, acabou de comunicar via Twitter que o seu antecessor, Barack Obama, tinha colocado sob escuta os telefones do seu escritório na Trump Tower. O Presidente dos EUA tem-se gabado de já lhe chamarem o “Ernest Hemingway do Twitter”, mas pessoalmente, e tendo em conta as horas que escolhe para tuitar, duvido que a actividade de desobstrução do trânsito intestinal seja suficientemente inspiradora para o alcandorar a tais píncaros. A seu favor, e ao contrário do que ocorreu com um presidente europeu, reconheçamos que não precisou de recorrer a qualquer assessor para acusar de forma irrealista, tosca e sem provas um adversário político de o ter mandado vigiar. Mérito duvidoso, é certo, mas ainda assim mérito.