A MÁSCARA, A PELE E O ESPELHO
Março 08, 2011
J.J. Faria Santos
Qualquer que seja a perspectiva que escolhamos para navegar no Carnaval, acabamos sempre por desaguar na carne. Se preferimos o sagrado, deparamos com a abstinência quaresmal; se nos embrenhamos no profano, ligamo-nos aos ritos que visavam estimular a fecundidade. Se, primitivamente, as máscaras serviam para afastar os maus espíritos, hoje, posicionam-se elas próprias no lugar da dúvida: no Carnaval, colocamos as máscaras ou retiramo-las? E se elas, por conforto, opção ou conveniência, se nos colam demasiado à pele? O risco é que, da próxima vez que nos olharmos ao espelho, não nos reconheçamos; a oportunidade é que, passado o susto, talvez nos possamos entregar à folia de acolher o estranho em nós.