DSK / CBS
Julho 03, 2011
J.J. Faria Santos
Dominique Strauss-Kahn é o sedutor que gere o risco sempre entre o abismo e a ascensão, e gere o excesso entre o prémio e o castigo. A prudência não faz parte do seu catálogo, porque para ele toda a escassez mata a sedução e a subtileza limita. Insinuar-se na intimidade de forma intimidatória para a presa imprevidente é o combustível para o seu desejo. Não se detém perante o desconforto da visada, vê na persistência o remédio para a relutância, e sente que é a ousadia que potencia o efeito de encantamento que conduz à subjugação. Um crime de paixão seria uma condecoração, se não pusesse em causa a imunidade (impunidade) que o sedutor almeja.
Carla Bruni-Sarkozy é a sedutora que se alcandorou a mulher de Estado e que vai dar um filho à República. A metamorfose surpreendeu, a começar na imagem que é o seu activo principal, optando, num arremedo sacrificial, por esbater a sua presença para não ofuscar o marido. Dizem-na dissimulada e correm rumores de infidelidade, como que para corroborarem o seu proclamado aborrecimento com a monogamia. O poder de atracção dela provém da ausência de frivolidade; adivinha-se nela a força de uma cerebralidade que se impõe ao look, um pensar que se impõe ao deixar ver, uma determinação que verga o escrúpulo, uma ambição que reinventa a sua própria natureza. Mas não é por se enroscar aos pés do seu senhor que uma pantera se transforma num dócil animal doméstico.