A EXCEPCIONALIDADE DO BEM
Dezembro 12, 2013
J.J. Faria Santos
O jovem Mandela (Fonte: Wikimedia Commons)
É de grandeza que se trata. E de bondade. Não de perfeição. Porque nada é mais estranho à natureza humana que a perfeição, e nada define melhor o percurso político de Mandela que o seu sentido de humanidade.
Para quem teve de ponderar a escolha entre a injustiça e a violência, e suportou a perseguição e o encarceramento, é notável a forma como prescindiu do ressentimento e percebeu a inutilidade da vingança (para além da satisfação dos nossos instintos mais básicos de represália), compreendendo as virtudes da negociação e da persuasão. E esta é a diferença entre um activista que resiste ao compromisso e à reconciliação em nome de um inquestionável imperativo moral e um estadista que não desconhece o efeito quase sobrenatural do perdão oferecido pelo injustiçado ao seu algoz.
Esta fotografia captada na sua juventude é, de certa maneira, emblemática da forma como delineou o seu percurso político. Poderia ter escolhido fixar a objectiva, olhos nos olhos, em solidariedade com os anseios do seu povo ou desafiador perante os adversários. Em vez disso, optou por abarcar o horizonte, sopesar o futuro. E ao escolher liderar pelo exemplo, o seu futuro terá, na memória dos povos, a extensão da eternidade.