JAMES BLAKE AO SERVIÇO DE SUA MAJESTADE A MÚSICA
Maio 01, 2013
J.J. Faria Santos
Há uma voz por vezes à beira do falsete, dividida entre o intimismo e a ameaça do desmoronamento, pontuada pelo piano, por arabescos electrónicos ou até por uma batida da família da house music. Canta-se com uma certa solenidade, canta-se entre o lamento e a proclamação. Competente e expressivo no duelo com o piano (DLM ) ou no comando de toda a massa sonora (Overgrown, Our Love Comes Back ou Retrograde ), James Blake tornou o seu último trabalho, genericamente intitulado Overgrown, na banda sonora ideal para os dias ventosos de Primavera, aqueles em que acolhemos no rosto os afagos do sol e as bofetadas do vento. Perfeito para noites longas num bar à beira-mar, onde o conforto interior não nos impede de desejar partir para o agreste exterior com aquela íntima convicção de que a sensatez é sobrevalorizada e só a rebeldia nos permite almejar a grandeza. Música para urbano-depressivos em recuperação ou para criaturas em espiral depressiva que nunca deixaram de acreditar na redenção sob a forma de um resgate emocional.