ANATOMIA DA GREI II - CUIDADOS INTENSIVOS
Junho 24, 2012
J.J. Faria Santos
Imagem: Freefoto.com
Tendemos a associar a expressão cuidados intensivos a uma situação de perigo iminente; devíamos antes pensar em termos de vigilância inexcedível. Maximizamos os riscos e minimizamos a componente de precaução. Mesmo quando tudo acontece de acordo com o plano de voo, não conseguimos evitar que o espectro da ameaça persista nas nossas mentes. É um mecanismo de defesa, claro, mas também uma forma de alerta permanente, como se o baixar da guarda fosse o catalisador da acção do mal, e este, sob a forma dos agentes da doença, conseguisse iludir todos os meios, humanos e tecnológicos.
Aos olhos de J., a recuperar de uma cirurgia, médicos e enfermeiros, quando não interagem com os doentes, deslocam-se pela Unidade de Cuidados Intensivos como se fossem Senhores do Universo, detentores do poder de suster a vida e repelir a morte. Há nos seus gestos e atitudes uma casualidade que tranquiliza, como se, para eles, trabalhar numa espécie de oficina de reparação do corpo humano fosse uma tarefa corriqueira. E talvez seja, ainda que com um suplemento extra de responsabilidade e definição.
“Que dá mais força; em que se acumulam esforços ou meios”, assim define o adjectivo intensivo a enciclopédia que a Editorial Verbo realizou para o Público. Nas Unidades de Cuidados Intensivos reúnem-se esforços e meios para dar força ao doente.