RELVAS DANINHAS (ALEGADAMENTE...)
Maio 24, 2012
J.J. Faria Santos
Segundo a Direcção do Público, durante um telefonema à editora de política deste diário, Miguel Relvas ameaçou fazer um blackout noticioso do Governo contra o jornal e divulgar detalhes da vida privada da jornalista Maria José Oliveira”. Desagradada com o comportamento do ministro dos Assuntos Parlamentares, que reputou de “inaceitável”, Bárbara Reis, directora do jornal, ligou para Miguel Relvas, que terá pedido desculpa. O ministro, por seu turno, enviou uma série de documentação para a ERC, organismo que irá analisar o caso, e terá dito que foi pressionado a dar uma resposta às perguntas suscitadas pela jornalista em pouco mais de meia hora.
Não é a primeira vez que a suspeita de pressões e interferências recai sobre o ministro que tutela a comunicação social. A confirmar-se, a atitude do ministro não se enquadra na legítima defesa dos seus pontos de vista, antes consubstancia um abuso de poder, cuja maior gravidade reside na tentativa de condicionar o exercício profissional da jornalista mediante a utilização de dados da sua vida privada. O que levantaria a questão de como ele terá obtido esses dados: conhecimento pessoal? Rumores da sociedade lisboeta? Porventura, constaria a jornalista do rol de políticos e figuras públicas com ficha nos smartphones de Jorge Silva Carvalho e por qualquer meio informal chegaram ao seu conhecimento os detalhes da vida privada dela constantes desse registo?
Se for destituída de fundamento, a acusação envolverá em descrédito a direcção do Público; a ser verdade, esta alegada ameaça de Miguel Relvas, além de gravíssima, é repugnante e asquerosa, e reduz o ministro a um sucedâneo de um alcoviteiro chantagista.