“(…) desde que Sócrates foi preso – e eu tenho uma convicção interior de culpabilidade, o que não tem qualquer valor em si - , tenho evitado entrar no gozo e na humilhação que muitos mostram com o destino do homem (…) Sócrates não é um preso qualquer, não deve ter privilégios excepcionais, mas também não pode ser alvo de uma enorme tentação da nossa justiça que é querer encontrar exemplos forçando as provas. Se fizerem isso com Sócrates é mau para ele, mas é muito pior para qualquer outro cidadão que encontre à sua frente uma justiça que faz o que quer, deturpa a lei, abusa do seu poder e entende que o pode fazer com impunidade porque a opinião pública está do seu lado.”
José Pacheco Pereira
“O que a carta rogatória prova é que não há qualquer relação do engenheiro Sócrates com as contas da Suiça. Nem directamente nem indirectamente, através de empresas. Não há nada que o ligue ao dinheiro. Mais do que inverosímil, a alegação do Ministério Público é impossível.”
Pedro Delille
“Ainda que as justificações que ele e os seus advogados têm vindo a dar para a circulação do dinheiro e para a sua relação com Carlos Santos Silva sejam patéticas e politicamente insustentáveis, existe ainda a vaga esperança de que elas possam vir a ser juridicamente sustentáveis, dada a dificuldade de prova nos casos de corrupção.”
João Miguel Tavares
“(…) seis meses decorridos sobre a prisão preventiva e mais de um ano sobre o início das investigações, o MP continua literalmente aos papéis, seguindo o método investigatório conhecido como de ‘pesca de arrasto’. (…) a avaliar pelas fugas de informação (…) não vejo bem como é que tribunal algum, julgando com isenção e face à prova produzida, conseguirá condenar Sócrates.”
Miguel Sousa Tavares
“Este processo está a ser conduzido sem respeito pela decência. Não há acusação e passaram meses, não há acesso da defesa aos documentos e isto ainda se pode prolongar mais uma eternidade. É isto uma perseguição especial contra Sócrates? Pode ser mas também pode não ser. De facto, a justiça portuguesa procede rotineiramente desta forma. Esta é a regra geral: esta justiça mete medo.”
Francisco Louçã
“Como é que alguém que não tem culpa formada pode estar preso um período tão longo, como é que não há bases sólidas?”
Alexandre Relvas
“Prender para investigar – que parece ser o que se passa – é evidentemente contrário à Constituição da República e aos valores jurídicos do Estado de direito.”
Teresa Pizarro Beleza
“A prisão preventiva, fora ou dentro de casa, não tem nada a ver com a culpabilidade ou inocência.(…) Mas José Sócrates não está disposto a facilitar a vida aos investigadores. E, nesta matéria, faz muito bem. Quem, ao fim de meio ano, continua a não ter uma acusação para apresentar, tem de permitir que o arguido espere em liberdade. Não se prende para investigar, investiga-se para julgar.”
Daniel Oliveira
“A sua governação fica marcada por casos de corrupção e pela promiscuidade entre interesses privados e gestão pública. O facto de hoje Sócrates ser perseguido pela Justiça não surpreende. O que admira é que os seus cúmplices ainda não tenham sido incomodados. (…) Saído do Governo, e sem quaisquer rendimentos pessoais, o ex-primeiro-ministro ostentava uma vida de opulência, vivendo na zona chique de Paris, deslocando-se em carros de luxo. Quem lhe garantia os recursos económicos eram empresários ligados ao grupo Lena.”
Paulo Morais
“(…) em qualquer país decente do mundo, o procurador diria, olhe é isto que temos contra si, vamos acusá-lo e vamos acusá-lo num prazo razoável. Seis meses, senhor procurador, desculpe, não é altura de metermos um pouco a mão na consciência? (…) Durante seis meses prenderam-me, e ao fim de seis meses dizem, ah, você foi corrompido, não sabemos ainda se no caso da LENA, no caso da Venezuela, nas concessões rodoviárias, no aeroporto, no TGV, nas obras do Parque Escolar (…) Ou em todas elas. Você não acha que isto é uma vergonha, senhor procurador? Sem nenhuma base?! Repare.”
José Sócrates (para Rosário Teixeira)
Fontes:
- Alexandre Relvas – Público 2 – 14.06.2015
- Daniel Oliveira – Expresso online – 9.06.2015
- Francisco Louça – Público online – 12.06.2015
- João Miguel Tavares – Público – 11.06.2015
- José Pacheco Pereira – Sábado – 11.06.2015
- José Sócrates – Sábado – 11.06.2015
- Miguel Sousa Tavares – Expresso – 13.06.2015
- Paulo Morais – Correio da Manhã online – 13.06.2015
- Pedro Delille – Expresso – 1.05.2015
- Tereza Pizarro Beleza – Público 2 – 14.06.2015