GERAÇÃO À RASCA: O EVENTO
Março 13, 2011
J.J. Faria Santos
A manifestação da Geração à Rasca foi um evento pacífico, intergeracional e interclassista, que resultou numa amálgama de reivindicações, propiciadoras de uma catarse de angústias e receios. Este mix de descontentamentos, mais ou menos apartidário, teve momentos surrealistas. Como aquele em que Joana Amaral Dias, ao lado de Jel, gritou que "o povo unido jamais será vencido", numa vinheta retro-chic avassaladoramente simbólica: a alta burguesia comungava da indignação dos deserdados da globalização, antes de se retirar para o conforto da sua condição social, onde dissertará, com brilho e glamour, acerca da insustentabilidade dos sacrifícios, sem se deter, por um momento que seja, na impossibilidade de responder a todos os anseios, e aos anseios de todos. O futuro é um bem escasso, e escolher implica tanto um ganho como uma perda. A luta é mesmo alegria. E o humor é de tal forma subversivo que não hesita em dinamitar a própria plataforma que o sustenta