NOVO CICLO (PREPARATÓRIO?)
Outubro 12, 2011
J.J. Faria Santos
É cedo para avaliar a acção. O estilo é vacilante quando quer exprimir abertura e artificial quando quer projectar determinação. Em breve perceberá que, em política, a autenticidade e a espontaneidade são uma minuciosa construção a que se dá o nome de profissionalismo. A substância parece recorrer às notas certas (a relevância de ter uma política europeia, a importância de dinamizar o gabinete de estudos, a prevalência do substrato ideológico sobre um ideário económico refém dos mercados e da fé desreguladora), mas da música resultante transparece a superficialidade dos chavões sem a eficácia do spin. Olha-se para António José Seguro e constata-se uma bonomia bem intencionada prestes a ser trucidada pelos apóstolos da crença liberal (daqueles que gostam de citar Tocqueville a torto e a direito e pregam o virtuosismo indisputável dos checks and balances da sociedade meritocrática). Falta-lhe, claramente, o killer instinct , e perceber que a civilidade não exclui a assertividade e o desafio frontal. E tem de destruir, o mais depressa possível, a suspeita da sua inconsistência.