INFORMAÇÃO, DEFORMAÇÃO, IRREFLEXÃO, REACÇÃO
Outubro 06, 2011
J.J. Faria Santos
Os três jornais desportivos sempre me pareceram um mundo à parte no que diz respeito às regras básicas do jornalismo, designadamente objectividade, isenção, relevância dos acontecimentos e interpretação dos factos. Nalgumas edições, aproximam-se da pura propaganda ao “seu” clube, e a planificação das primeiras páginas não parece obedecer a qualquer hierarquia inteligível, a não ser o intuito laudatório da equipa de estimação. Parece-me que sofrem daquilo que The Economist,num suplemento de Julho deste ano dedicado à indústria da informação, apelidou de “foxificação das notícias”, numa referência ao canal americano em que o pendor opinativo prevalece, normalmente coincidente com os pontos de vista da direita. Esta tendência parece não ter atingido ainda os jornais generalistas, embora com a multiplicação das plataformas de comunicação seja previsível um maior recuo da imparcialidade, supostamente a ser compensado por uma transparência acrescida. Esta avalanche de informação, num mundo onde as pessoas estão cada vez mais interligadas, com um ciclo noticioso de 24 horas por dia, poderá levar àquilo que Niall Ferguson, num artigo para a Newsweek, chama de “Era da Volatilidade”, onde a combinação e a exacerbação das emoções obscurece e inibe a serena interpretação dos factos, bem como a consolidação das opiniões.