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NO VAGAR DA PENUMBRA

NO VAGAR DA PENUMBRA

10 CANÇÕES PARA A PASSAGEM DE ANO

Dezembro 29, 2015

J.J. Faria Santos

larsen.jpg                                      "New Year's Eve" de Bryan Larsen

                                         (Courtesy of www.bertc.com)

 

  1. Quando, Quando, Quando – Michael Bublé / Nelly Furtado

 

Conjugação harmoniosa de vozes servida por um balanço de bossa nova. O tom é de inquietação e impaciência tal o júbilo que antecipam. De maneira que simples momentos parecem um dia, e um dia uma vida inteira. When will you say yes to me? é a pergunta cuja resposta se adivinha.

 

  1. The Winner Takes It All - Abba

 

O passado já é história. Não vale a pena falar dele. Puseram-se as cartas na mesa e os deuses, cruéis e insensíveis, lançaram os dados. O vencedor arrebata tudo. Ao vencido, resta o fair-play e a noção redentora de que o jogo continua. Novas oportunidades surgirão para o sarar das feridas no casino da vida.

 

  1. Clouds Across The Moon – RAH BAND

 

O cenário é o de um telefonema intergaláctico. Ela está na Terra e ele em Marte. Ela diz-lhe que tem saudades dele (e que os miúdos mandam beijinhos), e pergunta-lhe se ele tem dormido bem e se está melhor da constipação, porque, no que lhe diz respeito, não tem pregado olho. E, à noite, olhando as nuvens que se intersectam com a Lua, reza para que o comandante P. R. Johnson regresse depressa. Infelizmente, o monólogo acaba interrompido pelas más condições atmosféricas…

 

  1. Guilty – Barbra Streisand / Barry Gibb

 

O ritmo evoca lazer e preguiça. Paisagens paradisíacas, cocktails ao fim da tarde, noites de sedução alimentadas a martini e gin, com gelo diluído a mergulhar nas entranhas em fogo. Qualquer transeunte com que nos deparemos na rua tem o seu próprio desgosto de amor e isso devia ser ilegal, diz a canção. E há que criminalizar a solidão e a tristeza, acrescenta. Por que haveremos de experimentar a culpa por um amor que desafia qualquer montanha de obstáculos?

 

  1. State of Independence – Donna Summer

 

A meditação conduz à verdade e esta liberta-nos. Donna Summer protagoniza a celebração da independência assessorada pelo virtuosismo do produtor Quincy Jones e por um coro de celebridades que inclui Stevie Wonder, Michael Jackson, Lionel Richie e Dionne Warwick.

 

  1. (Mucho Mambo) Sway – SHAFT

 

Palmeiras. Beldades adoradoras do sol. Hospedeiras atrevidas. Ritmos latinos. Uma gloriosa secção de metais. Simplesmente irresistível. Na rua e na discoteca. Um duo de produtores ingleses de música electrónica canibaliza um clássico produzindo um outro clássico instantâneo.

 

  1. Sangue de Beirona (François K. remix) – CESÁRIA ÉVORA

 

A inconfundível voz da diva dos pés descalços é aqui (para indignação dos puristas, calculo) embalada pelo ritmo reconhecível do DJ francês François Kevorkian. O resultado é uma irresistível celebração hedonista que, curiosamente, amplifica o tom da letra da canção, ela própria um hino à descoberta dos prazeres físicos do amor.

 

  1. Whatever Lola Wants (Gotan Project Remix) – Sarah Vaughan

 

Impenitentes, reincidimos na heresia. Arrisquemos a excomunhão. A banda do electro-tango desenha uma cama luxuriante mas suficientemente discreta para dar primazia à soberba interpretação de Sarah Vaughan. Ponha-se à vontade, refastele-se, resigne-se ao inevitável, Lola apontou ao seu coração e à sua alma. Ela está habituada a alcançar tudo o que quer. Não resista. Pensando bem, por que razão haveria de querer resistir?

 

  1. Can’t Take My Eyes Off You – BOYS TOWN GANG

 

Um clássico absoluto da era disco. Melodia irresistível, ritmo empolgante. A cantora agradece a Deus pelo facto de finalmente o amor lhe ter acontecido e ela estar viva para o testemunhar. Pede desculpa ao seu objecto de afeição por o olhar embasbacadamente. E proclama que se o encantamento for retribuído, então a realidade ultrapassou o sonho.

 

  1. La Vie en Rose – GRACE JONES

 

Soberba releitura de Jones para o clássico de Piaff. Nesta altura do campeonato, já se engoliram as passas num atropelo de desejos, e já se trocaram cumprimentos regados a espumante. A noite, tal como o Novo Ano, é ainda uma criança. Há sorrisos que se perdem em bocas alheias para se reaverem nas pausas para recuperar o fôlego. Até a felicidade precisa de intervalos. A vida cor-de-rosa continua até ao amanhecer. E depois? Depois é um futuro demasiado longínquo para uma noite de festa.

 

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