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NO VAGAR DA PENUMBRA

NO VAGAR DA PENUMBRA

SUMMER NO INVERNO

Fevereiro 19, 2014

J.J. Faria Santos

                                          Imagem: Freefoto.com

 

Parece que um habitante de Holt, na Alemanha, levou para dentro de casa durante uma tempestade o seu cavalo – um puro-sangue de nome Nasar. O episódio fez-me evocar a recriação “erudita” de uma conhecida expressão popular por parte do deputado Telmo Correia, que em dada sessão parlamentar terá aconselhado os seus adversários políticos a “tirar o equídeo da pluviosidade”. Pessoalmente, devo confessar que por entre alertas de várias cores, ondas ameaçadoras, ventos ciclónicos e precipitação forte, estou seguramente a experimentar “fadiga” (palavra da moda…) meteorológica. Quer dizer, estou farto de chuva!

Na banda sonora da minha existência já não há lugar para melodias alegres e saltitantes, género Raindrops Keep Fallin’ On My Head. A reacção é mais abrasiva e segue a taxativa I Can’t Stand The Rain  (“I can’t stand the rain / Against my window / Bringing back sweet memories”). A minha pouco racional incompreensão acompanha a interrogação de Stormy Weather (“Don’t know why / There’s no sun up in the sky”), e só se deixa apaziguar pela toada poética descritiva de Rainy Night in Georgia (“Neon signs are flashing / Taxis, cabs and buses passing through the night / A distant moment of the train / Seems to play a sad refrain to the night / A rainy night in Georgia / Such a rainy night in Georgia / I believe that it’s raining all over the world”.            
Para grandes males, grandes remédios (ou, para emular Telmo Correia, para grandes enfermidades, grandes terapêuticas…). O meu antídoto para a neura induzida pela chuva tem sido o consumo (três vezes por dia, posologia recomendada…) de Last Dance, de Donna Summer, Masters at Work remix, incluido no cd de remisturas editado pela Verve, denominado Love to Love You Donna. Como habitualmente nas produções deste duo, a primazia vai para a voz, embalada pela cama rítmica de guitarra e baixo, e adornada por cordas acetinadas. “Last dance / Last chance for love” canta ela. Que importa a chuva? O Verão, que fatal e gloriosamente chegará, é uma mulher que não vai perder a última oportunidade para amar. Nem que seja a primeira da últimas. Let the sunshine in!

 

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