FORMAR (NÃO FORMATAR) CONSCIÊNCIAS
Abril 12, 2016
J.J. Faria Santos
O Papa Francisco escreveu na exortação apostólica Amoris Laetitia: “Somos chamados a formar consciências, não a substituí-las”. Eis a diferença fundamental entre inspiração e imposição, entre reflexão e inflexibilidade, entre afirmar e propugnar por um conjunto de valores e procurar impô-los a todo o custo numa manobra em que o proselitismo ignora a adesão consciente.
“Se acreditarmos que tudo é a preto e branco, fechamo-nos por vezes ao caminho da graça”, sentenciou sabiamente o Papa. Que não parece recear que a consistência da doutrina corrente (que ele no essencial preserva) sofra uma erosão por efeito de uma atitude menos intransigente e mais inclusiva e matizada.
A quem prefere “uma pastoral mais rigorosa”, o Papa explica que “Jesus quer uma Igreja atenta à bondade que o Espírito Santo demonstra perante as fraquezas humanas”. Eis um trecho da exortação apostólica sobre o amor na família a merecer meditação por parte de todos, a começar pela Cúria Romana, que só beneficiaria em exercer o seu ministério com mais atenção à bondade. E às fraquezas humanas. A começar pelas suas.