MARCELO É INFOTAINMENT
Junho 23, 2011
J.J. Faria Santos
Entronizado como o Papa da análise política, o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa celebra a sua "missa dominical" todas as semanas na TVI, tendo como acólito um pivot obliterado pelo seu ofuscante brilhantismo. É verdade que a sua fulgurante inteligência, aliada a um quase irresistível maquiavelismo, proporciona bons momentos de entretenimento, mas a qualidade do comentário político ressente-se quando uma certa leveza resvala para a ligeireza. Então, o estilo suplanta a substância, ficando esta perdida no meio das máscaras histriónicas e das paragens para desobstruir as vias respiratórias, que, às vezes, mais parecem pausas para abrilhantar a punch line. Muitos elogiam-lhe a isenção, o que do meu ponto de vista não tem correspondência com a realidade. Basta atentar, por exemplo, no notável último artigo do Dr. Pacheco Pereira para o Público, para perceber o que é análise política a sério, feita por um espírito verdadeiramente independente, considerado, aliás, por Pedro Passos Coelho, "um adversário do PSD". E nem vale a pena falar do estilo de operador de expositor de hipermercado (sem desprimor para a função) com que exibe (recomenda?) livros...
Em Abril de 1996, no semanário Independente, o Dr. Paulo Portas escreveu que o "único suplício de Marcelo é a intriga". E disse mais: "Se Marcelo fosse um líder, já se tinha notado há vinte anos". Como se constata, Portas equivocou-se. Marcelo é líder... de audiências com uma rubrica de infotainment.